segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A JUSTIÇA DE DEUS A TODOS ALCANÇA.

Se o homem tivesse apenas uma existência e se, depois dela, sua destinação futura fosse fixada perante a eternidade, qual seria o mérito de metade da espécie humana que morre em tenra idade, para desfrutar, sem esforços, da felicidade eterna? E com que direito ficaria desobrigada e livre das condições, muitas vezes tão duras, impostas à outra metade?
Tal ordem de coisas não estaria de acordo com a justiça de Deus. Pela reencarnação, a igualdade é para todos. O futuro pertence a todos sem exceção e sem favorecer a ninguém. Os que se retardam não podem culpar senão a si mesmos. O homem deve ter o mérito de seus atos, como tem de sua responsabilidade.
Além do mais, não é racional considerar a infância como um estado normal de inocência. Não se veem crianças dotadas dos piores instintos numa idade em que a educação ainda não pôde exercer sua influência? Não há algumas que parecem trazer do berço a astúcia, a falsidade, a malícia, até mesmo o instinto de roubo e de homicídio, apesar dos bons exemplos que lhe são dados de todos os lados?
A lei civil as absolve de seus delitos, porque considera que agem sem discernimento. E tem razão, porque, de fato, agem mais instintivamente do que pela própria vontade. Porém, de onde podem se originar esses instintos tão diferentes em crianças da mesma idade, educadas nas mesmas condições e submetidas às mesmas influências? De onde vem essa perversidade precoce, senão da inferioridade do Espírito, uma vez que a educação em nada contribuiu para isso?
As que são dadas a vícios, é porque seu Espírito progrediu menos e, portanto, sofrem as consequências, não por seus atos de infância, mas por aqueles de suas existências anteriores. E é desse modo que a lei é igual para todos, e a justiça de Deus a todos alcança.

Livro: O Livro dos Espíritos. Foto: Pacífico Medeiros

sábado, 20 de setembro de 2014

SOBRE A SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO.

Durante a vida, o Espírito se encontra preso ao corpo por seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é apenas a destruição do corpo e não do perispírito, que se separa do corpo quando nele cessa a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; opera-se gradualmente e com uma lentidão muito variável, conforme os indivíduos.
Para uns é bastante rápido e pode-se dizer que o momento da morte é ao mesmo instante o da libertação, quase imediata. Mas, para outros, aqueles cuja vida foi extremamente material e sensual, o desprendimento é mais demorado e dura algumas vezes dias, semanas e até mesmo meses. Isso sem que haja no corpo a menor vitalidade nem a possibilidade de um retorno à vida, mas uma simples afinidade entre corpo e Espírito, afinidade que sempre se dá em razão da importância que, durante a vida, o Espírito deu a matéria.
É racional conceber, de fato, que quanto mais o Espírito se identifica com a matéria, mais sofre ao se separar dela. Por outro lado, a atividade intelectual e moral, a elevação de pensamentos, operam um início do desprendimento mesmo durante a vida do corpo, de tal forma que, quando a morte chega, o desprendimento é quase instantâneo.

Livro: O Livro dos Espíritos. Foto: Pacífico Medeiros

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

NA DÚVIDA, PEÇA AJUDA AOS ESPÍRITOS PROTETORES.

Quando estamos indecisos em fazer, ou não fazer uma coisa, devemos, antes de tudo, nos colocar as seguintes perguntas:
1. A coisa que hesito em fazer pode causar um prejuízo qualquer a outrem?
2. Ela pode ser útil a alguém?
3. Se alguém a fizesse a mim, eu ficaria satisfeito?
Se a coisa não interessa senão a si, é permitido balancear a soma das vantagens e dos inconvenientes pessoais que podem dela resultar.
Se ela interessa a outrem, e fazendo o bem a um possa fazer o mal a outro, é preciso, igualmente, pesar a soma do bem e do mal, para se abster ou agir.
Enfim, mesmo para as melhores coisas, é preciso ainda considerar a oportunidade e as circunstâncias acessórias, porque uma coisa, boa em si mesma, pode ter maus resultados em mãos inábeis, se não for conduzida com prudência e circunspeção. Antes de a empreender, convém consultar suas forças e os meios de execução.
Em todos os casos, pode-se sempre reclamar a assistência de seus Espíritos protetores, lembrando-se desta sábia máxima: Na dúvida, abstém-te.
PRECE: Em nome de Deus Todo Poderoso, bons Espíritos que me proteges, inspirai-me a melhor resolução a tomar na incerteza em que estou. Dirigi meu pensamento para o bem, e desviai a influência daqueles que tentarem me desencaminhar.

Livro: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Foto: Pacífico Medeiros

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A VONTADE É A ESSÊNCIA VITAL DO PASSE ESPIRITUAL.

Sabe-se que papel capital desempenha a vontade em todos os fenômenos do magnetismo. Porém, como se há de explicar a ação material de tão sutil agente? A vontade não é um ser, uma substância qualquer; não é, sequer, uma propriedade da matéria mais etérea que exista. A vontade é atributo essencial do Espírito, isto é, do ser pensante. Com o auxílio dessa alavanca, ele atua sobre a matéria elementar e, por uma ação consecutiva, reage sobre os compostos, cujas propriedades íntimas vêm assim a ficar transformadas.
Tanto quanto do Espírito errante, a vontade é igualmente atributo do espírito encarnado; daí o poder do magnetizador, poder que se sabe estar na razão direta da força de vontade. Podendo o Espírito encarnado atuar sobre a matéria elementar, pode do mesmo modo mudar-lhe as propriedades, dentro de certos limites.
Assim se explica a faculdade de cura pelo contacto e pela imposição das mãos, faculdade que algumas pessoas possuem em grau mais ou menos elevado.

Livro: O Livro dos Médiuns. Foto: Pacífico Medeiros

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A REENCARNAÇÃO FORTALECE OS LAÇOS DE FAMÍLIA.

Os Espíritos formam no espaço grupos ou famílias unidos pela afeição, pela simpatia e semelhança de inclinações; esses Espíritos, felizes por estarem juntos, se procuram; a encarnação não os separa senão momentaneamente, porque, depois da sua reentrada na erraticidade (estado em que se encontra o Espírito entre duas encarnações), se reencontram como amigos ao retorno de uma viagem.
Frequentemente mesmo, eles se seguem na encarnação, onde se reúnem numa mesma família, ou num mesmo círculo, trabalhando em conjunto para seu mútuo adiantamento. Se uns estão encarnados, e outros não o estejam, por isso não estão menos unidos pelo pensamento; os que estão livres velam sobre os que estão cativos; os mais avançados procuram fazer progredir os retardatários.
Depois de cada existência deram um passo no caminho da perfeição; cada vez menos ligados à matéria, sua afeição é mais viva, pelo fato mesmo de ser mais depurada, não é perturbada mais pelo egoísmo, nem pelas nuvens das paixões. Eles podem, pois, assim percorrer um número ilimitado de existências corpóreas sem que nenhum atentado sofra a sua mútua afeição.
Os laços de família não são destruídos pela reencarnação. Ao contrário, eles são fortalecidos e reapertados.

Livro: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Foto: Pacífico Medeiros

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

EXISTE PARAÍSO, INFERNO OU PURGATÓRIO?

As penalidades e os prazeres são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos; cada um tira de si mesmo o principio de sua própria felicidade ou infelicidade; e como estão por toda parte, nenhum lugar localizado nem fechado está destinado a um ou outro. Quanto aos Espíritos encarnados, eles são mais ou menos felizes ou infelizes conforme o mundo que habitem seja mais ou menos avançado.
Em vista disso, o inferno e o paraíso não existem como o homem os representa. Existem Espíritos felizes e infelizes por toda parte, entretanto, os Espíritos da mesma ordem se reúnem por simpatia, mas podem se reunir onde quiserem quando são perfeitos.
A localização exata dos lugares de penalidades e recompensas existe apenas na imaginação do homem e provém da tendência de materializar e circunscrever as coisas das quais eles não podem compreender a essência infinita.
Já o purgatório, são dores físicas e morais, significando o tempo de expiação. É quase sempre na Terra que fazeis vosso purgatório e onde sois obrigados a expiar vossas faltas. O que o homem chama de purgatório é igualmente uma figura pela qual se deve entender não como um lugar qualquer determinado, mas como o estado dos Espíritos imperfeitos, que estão em expiação até a purificação completa que deve elevá-los ao plano dos Espíritos bem aventurados. Essa purificação, operando-se nas diversas encarnações, faz com que o purgatório consista nas provas da vida corporal.

Livro: O Livro dos Espíritos. Foto: Pacífico Medeiros

domingo, 7 de setembro de 2014

A BOA MENSAGEM DEIXA A IDENTIDADE DO ESPÍRITO SECUNDÁRIA.

A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais controvertidas, mesmo entre os adeptos do Espiritismo. É que, com efeito, os Espíritos não nos trazem um ato de notoriedade e sabe-se com que facilidade alguns dentre eles tomam nomes que nunca lhes pertenceram. Esta, por isso mesmo, é, depois da obsessão, uma das maiores dificuldades do espiritismo prático. Todavia, em muitos casos, a identidade absoluta não passa de questão secundária e sem importância real.
A identidade dos Espíritos das personagens antigas é a mais difícil de se conseguir, tornando-se muitas vezes impossível, pelo que ficamos restritos a uma apreciação moral. Julgam-se os Espíritos, como os homens, pela sua linguagem. Se um Espírito se apresenta com o nome de Fénelon, por exemplo, e diz trivialidades e puerilidades, está claro que não pode ser ele. Porém, se somente diz coisas dignas do caráter de Fénelon e que este não se furtaria a subscrever, há, senão prova material, pelo menos toda probabilidade moral de que seja de fato ele.
Nesse caso, sobretudo, é que a identidade real se torna uma questão acessória. Desde que o Espírito só diz coisas aproveitáveis, pouco importa o nome sob o qual as diga. Lembrando que, sem dúvida, aquele Espírito que tome um nome suposto, ainda que para o bem, não deixa de cometer uma fraude: não pode, portanto, ser um Espírito bom.

Livro: O Livro dos Médiuns. Foto: Pacífico Medeiros